Cap. 1: Deus Existe? — Parte 1 de 4

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"Deus é o invisível evidente."
Victor Hugo

Tu, leitor, acreditas na existência do vento, porque vês seus efeitos num furacão, mas não vês o vento.
Crês na existência do calor, porque um dos seus efeitos manifesta-se no suor copioso que escorre pelo teu rosto; mas não vês o calor.
Tens a mais completa certeza de que a eletricidade existe, por causa de um dos seus efeitos na lâmpada acesa; mas não vês os elétrons correndo pelo fio desencapado.
Os que acreditam na existência de Deus, creem, porque sabem que a Natureza, o ser humano, enfim, tudo o que existe no Universo com todas as suas perfeições, regularidades e sincronismos não podem ter surgido por si só. Alguém fez tudo isto funcionar, fez os corpos celestes girarem, deu o primeiro impulso para que esse movimento se fizesse infinito, e esse Alguém só pode ser Deus. A sua obra é efeito e prova incontestável da Sua existência. Os crentes — aqueles que acreditam na existência de Deus — creem nEle, embora nenhum deles O tenha visto. Creem do mesmo modo que as pessoas como tu acreditam na existência do vento, do calor e da eletricidade, sem, contudo, vê-los.
Seria demais esperar que, apenas por causa desses aspectos citados acima, um ateu passasse a acreditar na existência de Deus, uma vez que as razões dele estão amparadas no que ele chama de “razões robustas”, ou seja, inabaláveis ao juízo dele. Esses aspectos, no entanto, servirão de base ao meu argumento. Primeiramente, vejamos que razões ateístas supostamente robustas são essas.
Considerando que há vários tipos de ateísmo, são muitas aquelas razões; mas, para evitar alongar-me além do necessário (e também para não afastar-me demais dos objetivos desta obra), abordarei sobre a razão principal dos ateístas, a mais conhecida, que é defendida pelo ateu do tipo negativo ou cético. Eis o que ele diz: “Deus não existe, porque não há prova e nem mesmo evidência da sua existência”.
Esta é a sua razão principal, à qual ele ainda acrescenta outras, tais como: “E ainda que Deus existisse, qual deles seria o verdadeiro? O dos cristãos? O dos indianos? Talvez o deus dos muçulmanos?
A questão referente a qual é o verdadeiro deus é secundária e serve apenas para ele reforçar a sua tese ateísta. O principal suporte à sua descrença em Deus está na sua alegação sobre a falta de prova da Sua existência. Dizer que a prova da existência de Deus está na própria existência do ateu, das pessoas, da natureza, do universo com os seus astros circulando, também não adianta, porque ele virá com aquela história da tese da evolução, criada por Charles Darwin, que diz que o homem é uma evolução do macaco, e que o mundo surgiu a partir do Big-Bang, isto é, que tudo surgiu a partir de uma explosão, ou seja, aconteceu no universo uma explosão e, dela, foram lançados pedaços flamejantes da coisa explodida, que seriam as estrelas de hoje. Estas, por sua vez, por causa de micro explosões decorrentes da alta temperatura, lançaram também, à sua volta, pedaços de si, os quais, por causa do equilíbrio gravitacional, passaram a circular em torno da massa incandescente de onde os mesmos se originaram . O Sol, tal como as outras estrelas, seria então um pedaço, um fragmento maior daquela explosão inicial; e os planetas, tal como a Terra, seriam pedaços do sol, que, por causa daquelas mini-explosões, lançou, à sua volta, pedaços de si mesmo, surgindo daí os planetas, que passaram a girar em torno das suas respectivas estrelas. Neste ponto, quando perguntamos sobre o que foi que explodiu inicialmente, vez que o nada não pode explodir, o ateu faz um beiço indicativo de “não sei”. Pior se perguntarmos o porquê de os astros terem essa forma esférica. Ora! Se tudo resultou de uma explosão, como foi que todos os planetas acabaram ficando esféricos, se, enquanto giravam no vácuo, não encontraram resistência alguma que pudesse, pelo atrito e conseqüente desgaste, dar-lhes a forma esférica? Os planetas deveriam ter, portanto, aquela aparência de forma indefinida e irregular dos meteoritos, pois que, se giram perdidos no espaço, certamente vieram de algumas outras explosões.
Todavia, o ateu a nada disto responde, e ficamos estacionados nesse ponto. Pode-se dizer, portanto, que o tal argumento robusto do ateu (“Deus não existe porque não há provas irrefutáveis da sua existência”) está fundamentado na ignorância: ele diz que o universo surgiu de uma explosão, não sabe que matéria foi essa que explodiu, como aconteceu a esfericidade nos planetas, e, em cima dessa ignorância é que ele monta aquilo que lhe parece como inabalável argumento e, na tentativa de reforçar a sua descrença, ele ainda parte para a estratégia da depreciação, baseada em conclusões simplistas, de onde diz:

— Deus quer evitar o Mal, mas não pode fazê-lo. Então ele não é onipotente.
— Ele é capaz de evitar o Mal, mas não quer fazê-lo. Então, ele é malvado.
— Deus pode e quer evitar o Mal. Então, por que permite a maldade?
— Deus não pode e não quer evitar o Mal. Então, por que chamá-lo de Deus?

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